Coaches e Coachees em caminhos contrários.

A fome por glamour entre os Coaches nos mostra tão vulneráveis quanto os clientes na fase que nos procuram em busca de crescimento pessoal e profissional.  Tal comportamento nos tornou consumidores num mercado mais atraente e rentável que o de Coaching – para o qual vendemos serviços. Com apelos emocionais e ingênuos, profissionais com qualificações miradas por muitos Coachees, nos vendem mais produtos empacotados para forjar a realização de nossos desejos pessoais, do que para nossas necessidades funcionais. O apelo? “Deguste aparências pomposas diante de seus pares” – irresistível à autoafirmação dos segmentos imaturos.

Vendem-se formação internacionalmente certificada, coautoria em livros publicados, eventos enobrecidos, métodos milagrosos e sensações de reconhecimento profissional. Produtos dos sonhos de consumo de mais e mais pessoas que pagam caro para entrar no seleto grupo. Matérias-primas para consolidação de massas influenciáveis, das quais querem sair os que procuram por encargos como os de coaching.

No que devemos proporcionar, o cliente se vê diante de seu desejo e para ele evolui construindo e dominando patamares, desenvolvendo competências e autoconfiança. O recheio impulsiona e sustenta a casca. O legado, além da meta alcançada, serão possibilidades genuínas de novas conquistas. Autogestão sentida na pele e praticada na busca de mais e mais realizações e crescimento. Montados em suas consciências, os clientes articulam-se no território interior com postura do proprietário. O coaching estimula o amadurecimento através da descoberta, controle e apropriação de competências e habilidades – oportuniza liberdade.

Parece que os desejos mais profundos de coachees e coaches os fazem caminhar em sentidos opostos. Os primeiros, incomodados, buscam por libertação das situações dominantes no rumo de estados futuros mais próximos da realização e autonomia. A cada desafio vencido e meta alcançada, afastam-se do berço e da atenção materna, instrumentam-se e encorajam-se em suas próprias jornadas. Os últimos, por sua vez, aparentam estar em busca da obtenção de poderes mercadológicos ditatoriais ou da proteção dos mesmos – uma fogueira de vaidades atraindo os que deveriam ter seus próprios agasalhos.

Sobre Álvaro de Carvalho Neto

Educador coorporativo desde 1996, tem graduação em Administração de Empresas e especialidades em Análise de Sistemas, Marketing, Liderança, OS&M, Gestão de Projetos, Coordenação de Grupos, Coaching e Psicodrama Sócio-educativo.

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